segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

LEMBRANÇAS E RELATOS DE UM VETERANO DO 1º GRUPO DE CAÇA - Parte 08



O 1º GRUPO DE AVIAÇÃO DE CAÇA – TREINAMENTO INICIAL DO "PESSOAL CHAVE".
Após a declaração de guerra do Brasil ao "Reich" em 22 de agosto de 1942, tratou-se logo de preparar uma Força Expedicionária, para desagravar a honra da Pátria. Necessário tornava-se que a Nação lavasse com sangue sua honra manchada pelos covardes ataques dos submarinos nazistas e fascistas, afundando nossos navios mercantes, matando civis e militares brasileiros, privando-os dos mais sagrados direitos à liberdade; de ir vir e ficar, navegando pacificamente dentro das nossas águas territoriais.
Afirma o General Francisco de Paula Cidade: "Os apelos das autoridades militares, chamando para as fileiras da tropa expedicionária todos os homens aptos, ficaram sem eco entre as elites mais expressivas". E acrescenta: "E assim a Força Expedicionária Brasileira teve que ser organizada com a juventude pobre do Brasil".
Nem todos sabem como foi difícil preparar a Força Expedicionária e embarcá-la. Grandes foram às dificuldades e o obstáculo á tarefa de organizá-la, de acordo com os moldes americanos e dentro de tão pouco prazo.
Havia os maus brasileiros, os apátridas, simpatizantes e adeptos do "Eixo" que procuravam dificultar essa tarefa e trabalhavam no Brasil contra causa aliada. Criavam uma motivação de ordem psicológica altamente negativa, alegando que nossos soldados iriam servir de "bucha para canhão e morrer imperialistas americanos, e outras coisas mais, que feriam os brios e os sentimentos patrióticos dos brasileiros. Enfim, era a nação chamada "quinta-coluna", elementos simpatizantes dos partidos nazistas e fascistas e com eles comprometidos, e por isto não interessavam, por motivos claros, a presença de um corpo expedicionário na Europa para lutar contra seus sequazes.
Mas, o povo apoiou e aplaudiu a Força Expedicionária Brasileira e não faltou também o seu carinho. "Este se manifestou desde logo pela alcunha quase maternal que celebrizou os soldados da Força Expedicionária: "pracinhas". Neste diminutivo, tão ao gosto brasileiro, havia um mundo de preocupação e de amizade enternecida.
Embarcado os pracinhas do Exército, tratava-se agora de preparar e embarcar os da Aeronáutica, com a mesma finalidade. As dificuldades não foram menores que as do Exército, pois, "a declaração de guerra do Brasil ao Reich pegou a FAB num estado bastante precário. Recém-formada, ressentia-se a inda seriamente do choque entre duas mentalidades diversas, que procurava antes se sobrepor uma á outra que fundir-se em conjunto homogêneo. Pior: ambas as mentalidades e o material aéreo com que cada uma se equipara ficaram obsoletos da noite para o dia". E mais: "O Ministério da Aeronáutica começou, portanto, do zero e ainda atacado por dissidências doutrinárias internas".
As notícias da formação de uma unidade expedicionária da FAB, que deveria seguir para uma missão especial, assim diziam, essa notícia há muito que circulava em forma de boato. Entretanto, quando se tornou realidade de acordo com o Decreto-Lei nº. 6.123, de 18 de dezembro de 1943, logo divulgando oficialmente, circulou em todas as bases, como uma grande novidade. O fato estava concretizado; era o reverso da medalha; "deveríamos levar ao inimigo em seu território os mesmo golpes que nos feriam cruelmente na campanha submarina nas nossas águas territoriais".
Ao chamado nacional para integrá-lo apresentaram-se muitos pilotos, oficiais e subalternos que desejavam desagravar a honra da pátria, oferecendo-se como voluntários. Numa demonstração soberba do elevado espírito patriótico. O número de candidatos foi tão grande que excedia o previsto; tratava-se de uma unidade cujo efetivo era muito pequeno, não sendo possível atender a todos. Daí as frustrações e tristezas daqueles que não foram aproveitados.
O Presidente da República decretou a criação do 1º Grupo de Caça, em dezembro de 1943 e a 27 do mesmo mês, o Ministro da Aeronáutica, Dr. Joaquim Pedro Salgado Filho, designou para comandá-lo um dos homens mais eficientes e competentes do seu Ministério: o Major Nero Moura.
"Possuidor d uma excelente folha de serviços, foi Aspirante-a-Oficial, da Arma de Aviação, em 22 de novembro de 1930, contando mais de 15 anos de serviço e mais de 4.000 horas de vôo. Durante alguns anos foi piloto exclusivo do Presidente Vargas. Seus esforços muito contribuíram para o desenvolvimento da Força Aérea Brasileira. Quando o Presidente deu caráter de força aérea independente, em 1941, o Capitão Nero Moura foi designado para servir de consultor técnico junto ao Ministério da Aeronáutica. Em 1943 foi convidado pela aviação militar francesa para visitar a França, tendo então a oportunidade de fazer cursos especializados de Artilharia e Bombardeiro Aéreo. Já fora distinguido com várias condecorações: da Polônia, do Chile, do Paraguai e do Brasil. De compleição atlética, inexcedível em cavalheirismo e camaradagem, gozando por isso de grande popularidade entre seus comandos que apreciavam suas qualidades morais e profissionais".
O Ministro da Aeronáutica, antes mesmo da criação do grupo, autorizou o Major Nero Moura a escolher á sua vontade todo pessoal necessário dentre os elementos da Força Aérea Brasileira. Cabia agora a ele selecionar "aqueles que deveriam acompanhá-lo em tão nobre quanto honrosa missão". Seria a escolha dos que iriam sentir-se unidos num mesmo destino, que seria pontilhado de alegrias, tristezas e dissabores.
Assim o fez. "Selecionou seis oficiais de rara distinção e com funções especificamente determinadas: "Capitão Aviador Oswaldo Pamplona Pinto, para a função de oficial de operações; Primeiro Tenente Aviador José Carlos de Miranda Corrêa para a de Oficial de Informações; Para as de comandantes de Esquadrilhas, Capitão Aviador – Lafaytte Cantarino Rodrigues de Souza, Fortunato Câmara de Oliveira, Joel Miranda e Newton Lagares Silva.




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