sábado, 13 de fevereiro de 2010

A MARINHA ALEMÃ - Parte 05

O SCHARNHORST e o GNEISENAU


A tragédia do Bismarck marcou um momento decisivo para a Frota de alto mar de Hitler. Ao contrário do que secedeu quando de perda do Graff Spee, Hitler recebeu a notícia calmamente e passou a discutir outras questões. A verdade, porém, é que o episódio jogou por terra todas as vantagens que Raeder conseguira com os sucessos da frota, até então, Hitler sempre ficava muito inquieto quando as grandes belonaves estavam em alto mar. Depois do destino do Bismarck, ele passou a interferir cada vez mais em todos os movimentos da frota. Sem que Raeder soubesse, as belonaves regulares da marinha do Reich tinham feito seu último cruzeiro de guerra contra as rotas marítimas do Atlântico.

O Bismarck se fora, e o Prinz Eugen, depois de um cruzeiro que, além de rápido, nada de importante registrou, retorna a Brest. Unindo-se ao Scharnhorst e ao Gneisenau, ali ancorados. Mas os Incursores alemães disfarçados ainda estavam à solta, fazendo vítimas cada vez mais numerosas.

Assim, por volta de novembro de 1941, os britânicos tinham conseguido limpar o alto mar dos incursores alemães de superfície, mas isso lhes tomara muito tempo do que na primeira guerra mundial, e assim mesmo o problema podia ressurgir.

Muito mais vital, durante essa caça aos incursores mercantes, era a ameaça em águas territoriais. O Scharnhorst, o Gneisenau e o Prinz Eugen, ancorados na baía de Brest, formavam sozinha uma poderosa esquadra de batalha, sem falar da possibilidade de o irmão gêmeo do Bismarck, o Tirpitz, escapar para se juntar a eles. O Plano de Raeder ainda tinha toda a possibilidade de se tornar realidade.

As belonaves alemãs ancoradas em Brest eram, com justiça, consideradas a mais perigosa frota em existência. As dificuldades da sua destruição ninguém negava, mas não se pouparam esforços no sentido de impossibilitá-las de sair para atacar os comboios atlânticos.

Churchill proclamara que a esquadra ancorada em Brest era alvo número um dos bombardeiros, e assim permaneceu até o final do ano. Três quartos da tonelagem total de bombas lançadas pelo Comando de Bombardeiros da RAF durante 1941 visaram ao porto de Brest, bombas que em outras circunstâncias teriam sido destinadas a alvos no Reich, Nenhuma frota existente, ancorada tão longe da pátria, desviou tanto esforço inimigo da sua terra de origem.

Mas a sorte dos alemães não durou muito. A 24 de Julho, cinco bombas atingiram o Scharnhorst, que fizera um breve cruzeiro de Brest até La Pallice, e ele retornou a Brest com uma carga inesperada de 3.000 toneladas de água. No começo do mês, também o Prinz Eugen fora imobilizado por uma das bombas lançadas em Brest. Portanto, no final de julho de 1941, o O Scharnhorst, o Gneisenau e o Prinz Eugen, estavam todos no estaleiro, depois de receberem as atenções da RAF.

Não havia chance para outra sortida de Brest durante o verão de 1941, e o alto comando naval alemão, por insistência de Hitler, foi obrigado a reconsiderar o valor de unidades pesadas da frota sediadas nos portos da baía de Biscaia.

Hitler declarou, se os britânicos fizerem as coisas certas, eles atacarão a Noruega setentrional em vários pontos diferente. Com sua armada e tropas terrestres, eles tentarão expulsar-nos dali. Se possível, tomarão Narvik e passarão a pressionar a Suécia e a Finlândia. Isto pode ser de importância decisiva para o resultado da guerra.

Portanto a frota alemã, com todas as suas forças, tem que defender a Noroega. Será de toda a conveniência transferir os couraçados e couraçados de bolso para lá, para esta finalidade.

Reader concordava plenamente que o Tirpitz devia zarpar para Trondheim o mais breve possível, para agir como repressor naval nas águas norueguesas. Mas ao contrário de Hitler, ele se recusava a aceitar que a esquadra de Brest pudesse voltar para a Alemanha pelo canal da Mancha, nas barbas dos britânicos. É verdade que a situação do combustível não era boa e que os navios ancorados em Brest não podiam fazer um cruzeiro prolongado no Atlântico, tal como Reader planejara para março e abril de 1942.

Mas a obsessão de Hitler com a Noruega obrigou Reader a submeter-se. As esperanças do grande Almirante foram destruídas e suas objeções, superadas. E foi com isto que tiveram início os preparativos para a famosa e arriscada surtida, conhecida como a corrida do canal.

O canal da Mancha era decididamente o caminho mais rápido de retorno às águas territoriais alemãs. Aos protestos de que os navios alemães estariam igualmente expostos a pesados ataques aéreos britânicos, Hitler respondeu com apelos e bravura, com referências à suprema vantagem de surpresa.

O poderio aéreo era a solução, despachou instruções ao ás dos caças, Adolf Galland, nas quais punha a par do que se passava na mente do Fuhrer e onde afirmava que somente a garantia da mais poderosa proteção de caças possível permitiria ao alto comando naval admitir a aventura do canal.

Depois de muito discussão na toca dos lobos, entre Reader, Jeschonnek, tomaram-se as seguintes decisões: movimentos mínimos dos navios antes de zarparem, partida à noite, para atravessar o Estreito de Dover à luz do dia, e um esforço geral dos efeitos de caça de Galland ao longo do canal. Em seu resumo, Hitler previu que os britânicos não reagiriam com rapidez suficiente para deter os navios e repetiu sue sombrio diagnóstico de que os navios surtos em Brest eram como um paciente canceroso que só pode ser salvo através de uma operação. Seus cirurgiães que logo começaram a trabalhar nos detalhem do plano, seriam Cilliax e Galland.

Os alemães deram o codinome a operação de Trovão – Cérbero, na corrida do canal. Trovão para a Luftwaffe e Cérbero para o Kriegsmarine, foi um dos raros sucessos na cooperação entre as forças armadas que o alto comando alemão conseguiu na segunda guerra mundial.

As condições atmosféricas eram vitais. Deveriam elas ser tais, que os britânicos ficassem com o campo de visão muitíssimo limitado, e que, permitissem a atuação das caças germânicos. Ao mesmo tempo, era preciso escolher um dia de maré forte, para acelerar os navios canal acima. O problema da maré reduziu a escolha da data adequada para o período entre 7 e 15 de fevereiro de 1942 e se obteve uma previsão de tempo ideal para as belonaves. Ao anoitecer do dia 11, fizeram-se os preparativos finais. Sete destróieres faziam o cinturão de segurança para os navios de linha, dirigiram-se para a saída da Baía de Brest, enquanto o Scharnhorst, o Gneisenau e o Prinz Eugen se preparavam para segui-los.

Então, no pior momento para os vasos alemães, as sirenes soaram, anunciando a aproximação de um ataque britânico, e os navios voltaram apressadamente aos seus ancoradouros. Como acontecera com tanta freqüência nos últimos 11 meses. Os últimos bombardeiros se afastaram e, minutos depois, os navios reiniciaram os preparativos para zarpar. Pouco depois a flotilha estava a caminho, intacta e não descoberta.

Durante a travessia o Gneisenau bateu numa mina. Contudo, como acontecera com o Scharnhorst, pode porssigir viagem, feitos os reparos de emergência, alcançando Bruns-buttell a salvo com o Prinz Eugen, o único dos três que passou pela provação se nada sofrer.

Mas as provações do Scharnhorst não tinham ainda terminado. Ele bateu noutra mina, nas mesmas águas onde o Gneisenau fora danificado, e desta vez as avarias foram sérias. As duas máquinas do Scharnhorst pararam e enorme quantidade de água invadiu a belonave. Mais de uma hora se passou antes que ele pudesse pôr-se novamente a caminho

Na Grã-Bretanha havia muita gente furiosa e se instituiu uma junta de investigações depois do fracasso em deter a corrida do canal. Quaisquer que fossem as vantagens estratégicas que pudessem resultar da retirada da frota de combate alemã de Brest, independente do alívio para os aliados na batalha do Atlântico. Não havia dúvida de que os britânicos haviam sofrido uma derrota humilhante. Uma frota alemã completa cortejara deliberadamente toda a sorte de ataques que os britânicos pudessem desfechar contra ela em suas próprias águas territoriais e o que foi pior, sobrevivera o desafio. Além disso, durante mais de 12 horas as belonaves alemãs haviam navegado pelo canal da Manha sem serem sequer avistados.

O Trovão – Cérbero, foi definitivamente um dos trabalhos mais espetaculares da Esquadra de alto mar de Hitler, porém, constituiu-se no fim da linha para a parceria Scharnhorst, - Gneisenau. Uma vez mais, como acontecera em Brest, os dois cruzadores de batalha foram para os estaleiros a fim de serem consertados.
























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