quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

LEMBRANÇAS E RERLATOS DE UM VETERANO DO 1º GRUPO DE CAÇA - Parte 04


ESTAGIANDO EM NATAL

Com o término do curso houve distribuição do pessoal recém – formado. Optei pela minha classificação para servir no Recife, Pernambuco, meu Estado Natal. Havia uma expectativa de guerra com a chagada de tropas americanas para nos ajudar na defesa do litoral. O clima era tão tenso, que houve "Black-out". Aqui havia sido construída uma das grandes bases americanas, como em todo o Nordeste. Alojamentos, oficinas, armazéns de suprimentos de materiais, hangares, conjuntos residências ao longo da praia de Piedade, hospital, aumento e alargamento da pista de pouso, tudo foi edificado para defender às necessidades norte-americanas e brasileiras.

O Brigadeiro Eduardo Gomes comandava a 2ª e 1ª Zonas Aéreas ( Norte e Nordeste do Brasil); cumulativamente com as Rotas Aéreas, função que exercera quando Coronel.

Dias após a minha apresentação, por ordem do Comando segui para Natal juntamente com outros companheiros de turma com finalidade de fazer um estágio na base americana; deveríamos nos ambientar com moderno material, conhecer novas técnicas e os mais variados tipos de aviões usados pela Força Aérea Norte-Americana. Aquela enorme base de Parnamirim em Natal era uma beleza para nossas vistas. Os aviões se alinhavam de acordo com seu tipo e emprego. Aviões de caça bombardeio leve, médio e pesado; de transporte de cargas e tropas, havia os P-38, B-25, B-26, A-20, Hudson, Lodestar, C-46, C-47, B-24 e a fomosa Fortaleza Voadora B-17. Observei um bando de Liberators, B-24 e espantei-me de como um aparelho tão bonito no ar, pode ser feio e desajeitado no solo. Era um enorme e possante quadrimotor, triciclo de deriva dupla.

O nosso treinamento era integrado com os americanos, fazendo parte das equipes de manutenção de aviões de vários tipos. Eles nos tratavam muito bem e tinham prazer em nos ensinar tudo sobre aviação moderna. Eram pacientes conosco e se esforçavam para nos entender.

A base de Natal fava a impressão de uma grande cidade. O Tráfego de aviões era intensíssimo, quase não se podia dormir com o barulho dos motores dos aviões que aterravam e decolavam constantemente. Durante o período de um ano e meio, desde que o Brasil declarou guerra ao Eixo, grande foi o desenvolvimento da rede de aeródromos em todo território brasileiro Mas, de todas as bases aéreas, nenhuma foi tão importante quanto a de Parnamirim, em Natal. Tornou-se, desde o início, a base fundamental do sistema de segurança e da defesa do Hemisfério, na América do Sul; depois com os acontecimentos desenrolados no Norte da África contra o Deutches Afriks Korps do Marechal Rommel, passou a desempenhar o papel de trampolim para o envio de pessoal, cargas e equipamentos, para as mais diversas partes das frentes de operações de além-mar. Assim, por ser ponto mais a Oeste do continente Sul-Americano, Natal era o ponto de contato aéreo com a´África, a 1.260 milhas de distância, com a Itália, com o Oriente - Próximo e com o Extremo-Oriente, com a Rússia e a Índia.

No período movimentado de 1942/1943, a Base de Parnamirim foi visitada por ilustres personagens, entre as quais, o primeiro Ministro Winston Churchill, o General Marshall, o Ministro da Marinha dos Estados Unidos Knox, Chiang Kai-Shek, etc. Foi também o local do histórico encontro entre os Presidentes Roosevelt e Getúlio Vargas, a 28 de janeiro de 1943, quando o grande estadista norte-americano, regressava da Conferência de Casablanca; presente na ocasião, entre outras autoridades, o Embaixador Jefferson Caffery, Almirante Ingram e o General Osvaldo Cordeiro de Farias.

Diariamente, aviões cargueiros e de guerra, que se dirigiam para as frentes de combates, faziam paradas em Natal para reabastecimento de combustível e para repouso de suas tripulações antes de iniciarem o vôo de travessia do Atlântico. Os aviões de transportes chegavam carregados de peças sobressalentes, de instrumentos, de medicamentos e plasma sanguíneo necessários aos exércitos em ultramar. Pelas Bases brasileiras passaram aviões e abastecimentos que contribuíram para a vitória dos aliados na África e para seu subseqüente controle da parte central do Mediterrâneo.

Foi no Brasil ainda, que outros aviões levantaram vôos com carregamentos de matérias-primas destinadas a abastecer as indústrias bélicas nos Estados Unidos da América.

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