quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

LEMBRANÇAS E RELATOS DE UM VETERANO DO 1º GRUPO DE CAÇA - Parte 06





MERCANTES TORPEDEADOS.
Foram 32 navios mercantes brasileiros torpedeados por submarinos do "Eixo"; eles conduziam, em geral, cargas de um porto para o outro em serviço de cabotagem, pela costa. O "Baependi" que vinha para o Nordeste transportava parte de uma unidade do Exército, o 7º Grupo de Artilharia de Dorso, comandada pelo Major Landerico de Albuquerque Lima. "Das 306 pessoas que se encontravam a bordo, entre passageiros e tripulantes, inclusive o Comandante, pereceram 270, sendo 215 passageiros e 55 tripulantes. Entre os passageiros desaparecidos figuram o Major Landerico, três capitães, cinco tenentes, oito sargentos e cento e vinte cinco cabos e soldados.
No ano de 1941, quando o Brasil era neutro, dois navios nacionais desapareceram misteriosamente e ambos não estão computados nas estatísticas abaixo. Foram o "Imediato João Silva" e o cargueiro "Santa Clara".
"O navio "Santa Clara", desapareceu em condições inexplicáveis, nas proximidades das Ilhas Bermudas. Navegava o navio nacional com comandante e imediato de nossa Marinha de Guerra, trazendo valiosa carga para o Governo Federal. Toda sua tripulação foi dada como perdida, não sendo possível ao governo identificar a verdadeira causa da ocorrência, presumindo-se como conseqüência da campanha submarina. O navio vinha sob o comando do Capitão-de-Corveta José D' Alibert Siqueira Thedim.
São os seguintes navios torpedeados: 1) Cabedelo, 2) Buarque, 3) Olinda, 4) Arabutã, 5) Cairu, 6) Parnaíba, 7) Comandante Lira, 8) Gonçalves Dias, 9) Alegrete, 10) Pedrinhas, 11) Tamandaré, 12) Piave, 13) Barbacena, 14) Baependi, 15) Araraquara, 16) Aníbal Benévolo, 17) Itagiba, 18) Arará, 19) Jacira, 20) Osório, 21) Lages, 22) Antonico, 23) Porto Alegre, 24) Apolóide, 25) Brasilóide, 26) Afonso Pena, 27) Tutóia, 28) Pelotaslóide, 29) Bagé, 30) Itapagé, 31) Cisne Branco, 32) Campos.
A "Covardia" dos submarinos nazistas atingia os extremos do incompreensível. "Até uma barcaça à vela, "Jacira", que negava de Belmonte para Salvador, transportando cacau, piaçaba, caixas com garrafas vazias e um caminhão desmontado, fora posta a pique por três tiros de canhão. Vinha sob o comando do mestre de pequena cabotagem Noberto Hilário dos Santos, seu proprietário".

Assim, a guerra deflagrada na Europa, em 1939, logo cedo veio bater às nossas portas. O mundo parecia periclitar num caos de conseqüências imprevisíveis. Era época do nazi-facismo e do expansionismo germânico; guerra puramente de conquista e também o mito da super-raça ariana e a invencibilidade nazista.



Em meio às espantosas violações das leis de guerra e aos crimes praticados pelosas nazistas, avultam os atentados á nossa soberania. Nossas águas territoriais eram flagrantemente invadidas e violadas por submarinos alemães, incursões estas feitas a titulo de represálias, mas, na verdade, eram métodos puros e simples de "guerra total" para alcançar vitória o mais rápido possível, com emprego dos meios mais desumanos.
O internacionalista Professor Mário Pessoa ressalta com bastante ênfase no seu livro de Direito Internacional Moderno, o fato de que, no começo do conflito, dois atos de cavalheirismo denotavam que a guerra iria ser conduzida com lealdade, o que infelizmente não foi confirmado. "O primeiro ato de cavalheirismo ocorreu por ocasião da batalha naval de Punta Del Este, entre o couraçado de bolso alemão "Admiral Graf Von Spee" e a flotilha de cruzados britânicos Ajax, Achilles e Exeter. Após o combate, o vaso de guerra alemão recolheu-se avariado ao porto neutro de Montevidéu, com cerca de trinta mortos a bordo, afora os feridos. No momento em que eram sepultados os marinheiros germânicos no cemitério da capital uruguaia, compareceu a marinha britânica, fazendo se representar por uma turma de oficiais e marinheiros, que ofereceu grande coroa mortuária, na qual se encontrava uma inscrição, exaltando a bravura e a tradição da Marinha de Guerra adversária. O segundo exemplo ocorreu na guerra européia no começo de 1940 ou 1941. Caíra prisioneiro dos alemães um bravo aviador britânico, herói das duas conflagrações, que, na aterrissagem forçada que fizera, perdera uma das pernas metálicas resultando duma amputação, na Primeira Guerra Mundial. A "Luftwaffe" em dia predeterminado, consentiu que uma esquadrilha inglesa viesse trazer ao herói aprisionado um outro exemplar das pernas metálicas, procedendo-se a operação sem qualquer ataque de ambas as partes".
Tais atos de cavalheirismo não foram confirmados posteriormente; pois torpedear navios de cargas e de passageiros e depois metralhar os sobreviventes e uma extrema desumanidade.
Era um inimigo terrível que tivemos de combater. Eles vinham sorrateiros e "covardemente", muitas vezes na calada da noite e afundavam nossos navios. Sim, perdemos 32 navios mercantes; frieza desse número é bem expressiva; chega a tocar a nossa sensibilidade e a inspirar o respeito que sempre devotamos aos companheiros da Marinha Mercante e muito especialmente à Marinha de Guerra do Brasil, gloriosa Marinha de Tamandaré, Barroso e Marcílio Dias.

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