O SCHARNHORST e o GNEISENAU
A tragédia do Bismarck marcou um momento decisivo para a Frota de alto mar de Hitler. Ao contrário do que secedeu quando de perda do Graff Spee, Hitler recebeu a notícia calmamente e passou a discutir outras questões. A verdade, porém, é que o episódio jogou por terra todas as vantagens que Raeder conseguira com os sucessos da frota, até então, Hitler sempre ficava muito inquieto quando as grandes belonaves estavam em alto mar. Depois do destino do Bismarck, ele passou a interferir cada vez mais em todos os movimentos da frota. Sem que Raeder soubesse, as belonaves regulares da marinha do Reich tinham feito seu último cruzeiro de guerra contra as rotas marítimas do Atlântico.
O Bismarck se fora, e o Prinz Eugen, depois de um cruzeiro que, além de rápido, nada de importante registrou, retorna a Brest. Unindo-se ao Scharnhorst e ao Gneisenau, ali ancorados. Mas os Incursores alemães disfarçados ainda estavam à solta, fazendo vítimas cada vez mais numerosas.
Assim, por volta de novembro de 1941, os britânicos tinham conseguido limpar o alto mar dos incursores alemães de superfície, mas isso lhes tomara muito tempo do que na primeira guerra mundial, e assim mesmo o problema podia ressurgir.
Muito mais vital, durante essa caça aos incursores mercantes, era a ameaça em águas territoriais. O Scharnhorst, o Gneisenau e o Prinz Eugen, ancorados na baía de Brest, formavam sozinha uma poderosa esquadra de batalha, sem falar da possibilidade de o irmão gêmeo do Bismarck, o Tirpitz, escapar para se juntar a eles. O Plano de Raeder ainda tinha toda a possibilidade de se tornar realidade.
As belonaves alemãs ancoradas em Brest eram, com justiça, consideradas a mais perigosa frota em existência. As dificuldades da sua destruição ninguém negava, mas não se pouparam esforços no sentido de impossibilitá-las de sair para atacar os comboios atlânticos.
Hitler declarou, se os britânicos fizerem as coisas certas, eles atacarão a Noruega setentrional em vários pontos diferente. Com sua armada e tropas terrestres, eles tentarão expulsar-nos dali. Se possível, tomarão Narvik e passarão a pressionar a Suécia e a Finlândia. Isto pode ser de importância decisiva para o resultado da guerra.
Reader concordava plenamente que o Tirpitz devia zarpar para Trondheim o mais breve possível, para agir como repressor naval nas águas norueguesas. Mas ao contrário de Hitler, ele se recusava a aceitar que a esquadra de Brest pudesse voltar para a Alemanha pelo canal da Mancha, nas barbas dos britânicos. É verdade que a situação do combustível não era boa e que os navios ancorados em Brest não podiam fazer um cruzeiro prolongado no Atlântico, tal como Reader planejara para março e abril de 1942.
O canal da Mancha era decididamente o caminho mais rápido de retorno às águas territoriais alemãs. Aos protestos de que os navios alemães estariam igualmente expostos a pesados ataques aéreos britânicos, Hitler respondeu com apelos e bravura, com referências à suprema vantagem de surpresa.
O poderio aéreo era a solução, despachou instruções ao ás dos caças, Adolf Galland, nas quais punha a par do que se passava na mente do Fuhrer e onde afirmava que somente a garantia da mais poderosa proteção de caças possível permitiria ao alto comando naval admitir a aventura do canal.
Os alemães deram o codinome a operação de Trovão – Cérbero, na corrida do canal. Trovão para a Luftwaffe e Cérbero para o Kriegsmarine, foi um dos raros sucessos na cooperação entre as forças armadas que o alto comando alemão conseguiu na segunda guerra mundial.
As condições atmosféricas eram vitais. Deveriam elas ser tais, que os britânicos ficassem com o campo de visão muitíssimo limitado, e que, permitissem a atuação das caças germânicos. Ao mesmo tempo, era preciso escolher um dia de maré forte, para acelerar os navios canal acima. O problema da maré reduziu a escolha da data adequada para o período entre 7 e 15 de fevereiro de 1942 e se obteve uma previsão de tempo ideal para as belonaves. Ao anoitecer do dia 11, fizeram-se os preparativos finais. Sete destróieres faziam o cinturão de segurança para os navios de linha, dirigiram-se para a saída da Baía de Brest, enquanto o Scharnhorst, o Gneisenau e o Prinz Eugen se preparavam para segui-los.
Durante a travessia o Gneisenau bateu numa mina. Contudo, como acontecera com o Scharnhorst, pode porssigir viagem, feitos os reparos de emergência, alcançando Bruns-buttell a salvo com o Prinz Eugen, o único dos três que passou pela provação se nada sofrer.
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