






Histórias da 2ª Guerra Mundial, e a participação de um veretano da FAB.
HITLER ESCAPA DE DOIS ATENTADOS
Um acontecimento importantíssimo deixou de dar-se. Hitler não morreu. Deveria ter morrido no dia 13 de março. Uma singular providência estendeu a mão sobre ele.
Nomeio de estremas dificuldades e perigos terríveis, prosseguia a conspiração contra o Fuhrer. Os chefes civis e militares, Gordeler, Witzleben, Beck, reatam-lhe os fios incessantemente emaranhados e rompidos. Eles haviam vencido seus escrúpulos e reconhecido plenamente que o assassínio do tirano seria o único meio de salvação do povo da Alemanha. Nos círculos militares e especialmente nos estados maiores, o cruel sacrifício do 6º exército em Stalingrado acirrara os ódios. Não faltam Brutus entre os jovens oficiais, pertencentes, em geral, à mais alta aristocracia. Mas o assassínio de Hitler é operação difícil. Ele usa colete a prova de bala, o fundo de seu quepe é blindado, tudo o que come é provado por seu médico, todos os seus movimentos são mantidos em segredo, e as ocasiões para abordá-lo, entre seus pretorianos, são raras.
O Major General Henning Von Tresckow, de uma ilustre família militar brandeburguesa, é o primeiro oficial do Estado Maior do Grupo de Exército Mitte. Ele tentara induzir ao Putch seu primo, o Marechal Von Bock, e depois da substituição de Bock por Von Kluge, fizera o mesmo com este. O plano consistia em liquidar Hitler por ocasião de uma de suas visitas a Smolensk. Q.G. do grupo. O Barão Von Boselager, comandante do regimento de guarda, assume a responsabilidade do caso e diz estar seguro de seus subordinados. Mas Kluge responde que a situação militar não é bastante grave para autorizar ação tão radical.
O País e o exército não a compreenderiam. Tresckow e seu ajudante de ordens, o Tenente Fabian Von Schlabrendorff, decide agir sozinhos. Utilizando plástico e detonadores ingleses fornecidos por um cúmplice, fabricam duas bombas, a que dão forma de garrafas. A 13 de março, Hitler chega a Smolensk, cercado por uma corte de S.S., cujo desusado aparato parece indicar que ele nutre suspeitas especiais no momento. Quando regressa algumas horas depois, seu avião leva as duas bombas, devidamente acionadas. Schlabrendorff confiara o embrulho contendo a máquina infernal a um coronel da comitiva, pedindo-lhe que entregasse ao General Helmuth Stieff as duas garrafas de conhaque que lhe enviava o General Von Tresckow.
Passam-se uma, duas horas. A palavra combinada para previnir que o atentado decorria como previsto fora transmitida à central de Berlim. Tresckow e o grupo de Smolensk esperam que o rádio de um dos caças de escolta avise que o avião do Fuhrer explodira no ar. Recebem de Minsk a mensagem de que o Fuhrer chegara sem acidentes.
Os conspiradores salvam a situação. O estouro do Putsch é cancelado a tempo. Schlabrendorff telefona ao coronel a quem fizera executor inconsciente e sacrificado do golpe, para que não entregue o pacote, e no dia seguinte, com uma ordem de missão de Tresckow, vai recuperá-la em Rastemburgo. Ao abri-lo, verifica que nas duas bombas, o percussor fora realmente liberado pelo ácido, que corroera o fio de metal, mas que as cápsulas não haviam reagido ao choque.
Alguns dias mais tarde, outra tentativa para pulverizar Hitler, por ocasião de uma exposição em benefício dos soldados da frente, no Zeughaus de Berlim, falha por sua vez. Os conspiradores têm que aguardar nova ocasião.
COMO MORREU O ALMIRANTE YAMAMOTO
Protegidos por um grupo de zeros, os dois bombardeiros japonês preparavam-se para pousar no aeródromo de Kaihili, na ponta meridional da ilha de Bougainville.
Os caças norte-americanos surgiram rente à água. O Capitão Thomas G. Lanphier abateu um dos bombardeiros. O Tenente Rex T. Barber abateu outro. Os dois aparelhos caíram e incendiaram-se na floresta. O Grande Almirante Isoroku Yamamoto estava morto.
Ele não sucumbira após um encontro fortuito. Os norte-americanos decifravam sempre os códigos japoneses. No começo de abril de 1943 o chefe de seu G-2 trouxe ao almirante Halsey o plano de uma viagem de inspeção do comandante chefe japonês do Pacífico Sul. Partindo de Rabaul, Yamamoto devia visitar as bases aeronavais da região do Buin. Seu avião deveria sobrevoar Kaihili a 18 de abril, às 9h 35m. Os norte-americanos planejaram chegar ao encontro ao mesmo tempo que ele.
Um escrúpulo fê-los hesitar. Era boa tática utilizar uma vantagem clandestina para desfazer-se de um grande chefe inimigo? Era uma emboscada permitida pelas leis da guerra, ou uma armadilha?
Halsey consultor Nimitz. Nimitz perguntou a seus especialistas se eles achavam que o desaparecimento de Yamamoto enfraquecia o Japão. Os especialistas responderam afirmativamente. O grande Almirante havia mostrado hostil a uma guerra contra os Estados Unidos, mas não havendo podido impedi-la, fazia-se com talento e energia. Era o autor do plano de ataque contra Pearl Harbor e nem a derrota de Midway nem o abandono de Guadalcanal o havia qualificado como um desses capitães que um inimigo inteligente tem interesse em conservar. Esses testemunho de suas qualidades foi a sentença de morte do Almirante Yamamoto.
O empreendimento não era fácil. Os 16 P-38 do 339º Fighter Squadron que decolaram de Guadalcanal, sob o comando do major Mitchell, deviam percorrer 500 km antes de se encontrar, com uma precisão cronométrica acima de Bougainville. Deviam costear as ilhas da Nova Geórgia sobre as quais zumbia o enxame inimigo. Os P-38 escapam da detecção raspando as ondas, e estavam em um minuto sobre Kaihili. Todos voltaram, exceto um. O feito foi guardado em segredo até o fim da guerra, primeiro, para não revelar aos japoneses que seus códigos estavam descobertos, depois porque Lanphier tinha um irmão prisioneiro no Japão e temia-se contra ele a mais atroz vingança.
A OPINIÃO DE GOERING SOBRE A GUERRA
Eles queriam deter Hitler, no dia seguinte em 1939, no momento em que voltasse do Congresso Nacional Socialista, de Nurembergue.
As ordens já estavam assinadas, quando o rádio anunciou que Chamberlain obtivera uma audiência do Fuhrer e estava voando para Berchtesgaden, A Base material de nossa conspiração estava destruída, explicaria Halder, uma vez que Hitlernão mais voltaria a Berlim. A base moral não o estava menos: podíamos deter um insensato que atirava a Alemanha a uma guerra previamente perdida. Não podíamos deter um chanceler que negociava com o Primeiro Ministro da Grã-Bretanha a volta pacífica dos alemães para o Reich.
Depois de Munique, nenhuma nova ocasião se apresentou, mas a conjuração não estava morta. Um dos conjurados, Witzleben, comandava um exército na frente ocidental, outro, Canaris, dirigia a espionagem alemã. O próprio Halder não era outro senão o chefe do Exército, Vom Brauchitsh. Assim, essa guerra mundial começava na rebelião latente de uma parte do Alto Comando alemão contra o chefe do exército e do estado alemães. Disso resultaria estranhas revelações.
Os chefes que não conspiravam perderam o entusiasmo. Claro que nenhum deles admitia o corredor, o estatuto de Dantzig, o traçado arbitrário das fronteiras orientais, a sujeição de um milhão de alemães ao jugo polonês. Mas achavam que o exército alemão não estava suficientemente refeito para enfrentar um novo conflito europeu. Salvo os hitleristas Busch e Reichenau, todos assinaram, antes de Munique, um memorando redigido pelo general Beck, para prevenir o Fuhrer contra os perigos que sua política aventureira fazia correr a Alemanha. O Pacto germano soviético os serenara um pouco, libertando-os da obsessão de uma guerra, em uma Rússia cuja rudeza e imensidade quase todos conheciam. Estão inquietos. A guerra comaçava antes que estivessem prontos.
O moral da nação, como o dos generais, estava muito longe da exaltação. Naquele mês de agosto de 1939, nada se assemelhava à torrente de entusiasmo, à corrida para sacrifício de julho de 1914. Hitler sabia disso. No ano anterior, antes de Munique, fizera uma experiência que não ousava renovar, naquele ano. O desfile em Berlim, de uma divisão blindada. Havia esperado uma tempestade de patriotismo. Apenas provocou um espetáculo de consternação. Durante três horas, os carros blindados rolaram através das ruas da capital, em meio a silencioso estupor, como se fora um exército inimigo numa cidade conquistada com Hitler, à sacada da Chancelaria, esperando em vão o rumor belicoso que provocava, à passagem de seus monstros de aço. Findo o desfile, ele voltou para seu gabinete e atirou-se a uma poltrona, injuriando o povo alemão da mesma maneira que, vencido e agonizante, o injuriaria seis anos mais tarde, no mesmo local, depois de tê-lo crucificado e desonrado.
Do Báltico aos Cárpatos, as tropas marcham. O plano de operações, retocado e ampliado segundo as diretivas de Hitler, agarrou a Polônia em uma tenaz. O ramo de esquerda é o grupo de exércitos Nord, comandado pelo general Von Bock. O ramo de direita é o grupo de exércitos Sud, comandado pelo general Von Rundstedt. O primeiro grupo se compõe de dois exércitos, o 3º Kuchler, surgindo da Prússia Oriental e o 4º Kluge desembocando da Pomerânia ao todo 21 divisões, entre as quais 9 da ativa, com apenas duas blindadas. O segundo grupo é integrado por três exércitos, o 14º List, reunido nos Cárpatos, o 10º Reichenau, concentrado na alta Silésia, e o 18º Blaskowitz, lançado da região de Breslau ao todo com 36 divisões, entre elas 28 da ativa, das quais quatro blindadas. Enquanto o grupo Nord apagará o Corredor, forçará a linha Narew, tomará Varsóvia pela retaguarda, o grupo Sud destruirá o grosso das tropas polonesas, a oeste do Vístula. Leva-se tão longe o desprezo ao adversário, que só se deixa entre os dois grupos de exércitos para defender Berlim da elite das tropas polonesas, uma cadeia de guardas alfandegários.
Às 4h45m, o cruzador couraçado Scheswig-Holstein, chegado na véspera a Dantizig, abre fogo sobre o território polonês da Westerplatte. As formações aéreas voam. E, dentro da bruma, os tanques de Guderian, de Hoepner e de Von Kleist transpõem a fronteira e caem sobre os poloneses adormecidos.
O dia 2 de setembro é um bom dia para Hitler. As notícias militares são excelentes. O comando polonês foi completamente surpreendido. Via o início das hostilidades segundo o procedente de 1914: quinze dias para concentração de tropas, sem outras operações além de escaramuças à fronteira. Essa guerra, que arranca em quarta velocidade, toma-o de surpresa. Os soldados batem-se, mas os tanques blindados alemães rompem a frágil posição de resistência e investem furiosamente, desorganizando a retaguarda, destruindo as ligações, paralisando o exercício do comando. A Luftwaffe derruba a aviação inimiga, neutraliza os quartéis generais, bombardeia em mergulho os núcleos de resistência, provoca o engarrafamento das retaguardas inimigas, jogando às estradas uma multidão de civis desvairados.
Ao norte do dispositivo, as tropas alemães desembocam da Prússia Oriental e atacam a posição de Mlawa, que cobre Varsóvia. No corredor, o 3º e o 4º exército fazem junção. No centro, o 10º exército, ponta de lança do grupo Rundstedt, atinge a Warta, numa marcha progressiva de 80 Km em 36 horas. No extremo sul, as tropas alpinas de List forçaram a garganta do Jablunka, teatro de lutas intermináveis, na guerra anterior, e chega às portas de Cracóvia. Era impossível esperar um início de ofensiva mais vivo e mais brilhante.
E a Inglaterra ? E a França ? Esperaram 21 h e 30 min para notificar ao governo do Reich que o prolongamento da ação militar alemã os forçaria a cumprir seus compromissos com a Polônia. A Wilhelmstrasse olha com superioridade essa providência tardia. É um ultimato? Pergunta Ribbentrop. Não é uma advertência respondem os embaixadores.
Graves desacordados existem entre Paris e Londres. Em Paris, o Ministro das Relações Exteriores, Georges Bonnet, agarra-se desesperadamente à proposta italiana de uma conferência a quatro. Em Londres, suspeita-se que a França se está furtando a esse entendimento. O Embaixador da Polônia, Conde Radzinki, chega como um louco, ao Foreign Office, gritando que, o seu colega de Paris, Bonnet declarara que a Polônia não faria massacrar as mulheres e as crianças da França. Esses poloneses apreciavam tanto mais o egoísmo segrado quando o haviam exercido, em 1938, às custas dos tchecos. Mas os deputados ingleses vão a seu encontro na impaciência e na indignação. Vaiam uma fraca declaração de Chamberlaim, resumida nisto: Nós protestamos. Esperemos, agora, a resposta do Sr. Hitler. Dizem, nos bastidores de Westminster, que a moleza do gabinete provém da defecção francesa, mas que a Inglaterra marchará sozinha e Chamberlain será derrubado e substituído por Churchill.
Enquanto isso em Berlim, Hitler passa a noite com alguns íntimos, na sala de música da nova Chancelaria, lendo, com voz radiante, os boletins de vitória que lhes chegam da frente polonesa. Na França, a mobilização geral fora decretada na véspera, à noite, o que significava, segundo os cálculos do serviço alemão de contra espionagem, que pelo menos 80 divisões se concentravam do mar do norte as Suíça. Ora, a Alemaha só deixara, a oeste, 11 divisões ativas, e várias semanas serão necessárias para que as 35 divisões, de terceira e quarta vaga, que devem reforça-las, atinjam uma segura coesão. Nas cidades fronteiras, como Freiburg-am-Brisgau, o boato de que os franceses transpunham o Reno levantara uma onda de pânico. Mas o Fuhrer permanece imperturbável. Registra que a Câmara francesa, votando 85 bilhões de créditos suplementares, nunca pronuncia a palavra Guerra. Mas uma vez a intuição hitlerista se revela exata: a França e a Inglaterra não passam à ação.
Mas Hitler se engana. Se a vontade francesa está oscilante, a resolução inglesa é firme. Ao Conde Ciano que lhe telefonava febrilmente do Palácio Chigi, Lorde Halifax responde que nenhuma conferência pode ser cogitada sem que, previamente, a Alemanha retire suas tropas do território polonês. Mussolini manda responder que não pode transmitir tal exigência ao Fuhrer. Rompe-se o último fio da paz.
Às 4 horas da manhã de 3 de setembro, o embaixador Nevile Hendeson recebe, de Londres, ordem de pedir audiência a Ribbentrop, para as 9 horas. Wilhelmstrasse finge dormir, como se estivesse em plena paz. Henderson tem que despertar uma porção de subalternos, para ouvir a resposta de que sua Excelência Ribbentrop não estaria visível, pela manhã, mas que o conselheiro de embaixada Paul Schmidt, intérprete de Hitler, estava habilitado a receber qualquer comunicação do Govêrno de Sua Majestade. Foi nas mãos desse funcionário de segunda categoria que a Grã-Bretanha teve que entregar seu ultimato: se às 11 horas dentro de duas horas! Não recebesse garantias categóricas quanto à imediata retirada das tropas alemãs, existiria estado de guerra entre ela e o Reich alemão.
A França segue de reboque. Recusa apresentar seu ultimado simultaneamente com o ultimato britânico, insiste em que o prazo só expire a 4 de setembro, evita ainda empregar a palavra guerra. O Governo francês escreve Georges Bonnet, ficaria na obrigação de cumprir os compromissos que a França contraiu com a Polônia e que o Governo alemão conhece. Três horas depois de o Embaixador Henderson ter enviado o ultimato, o Embaixador Coulondre remete à Wilhelmstrasse essa eufêmica declaração de guerra. A Inglaterra, Schimdt a tinha imediatamente levado ao gabinete do Fuhrer. Hitler estava sentado à mesa de trabalho. Ribbentrop, de pé, perto de uma janela. Schmidt traduziu, lentamente o ultimato. Hitler parecia petrificado. Permaneceu imóvel por um interminável momento. Depois, lançou a seu Ministro das Relações Exteriores um olhar furioso de homem enganado. E Agora ? disse com inflexão inexprimível. Schmidt apressou-se a sair.
Na ante-sala, havia reunido uma pequena multidão de ajudantes de campo e altos dignitários do partido. Schmidt os pôs a par do ultimato britânico. Caiu outro silêncio, que a voz de Goering rompeu: Se perdemos esta guerra, que Deus tenha piedade de nós!